HOUVE UM TEMPO

Em que nossos corpos se contravam, uniam-se em ato de amor, de carinho e de
desejo.

Foi um tempo maravilhoso em que não dependia se chovia, ou se fazia sol a gente se amava muito.

Mas, independente do clima, a gente se encontrava e se desejava

Atravessávamos noites e noites lado a lado, e acordando no meio da noite, a
gente se abraçava,

como não querendo que o outro fugisse, ficando ali juntinho, muito juntinho...

Eu me lembro de muitas noites em que ela adormecia antes.

Abraçada ao seu corpo, eu dizia para o silêncio: "Meu Amor".

Era um ato solitário.

Ficávamos eu e o que não cabia em mim, procurando um lugar que pudesse nos
abrigar corpo dela.

Noites e dias se repetiram e o amor se manifestava, com tanta intensidade,
com tanto desejo do coração para todo meu corpo.

Era um desejo que parecia nunca terminar.

Até um dia em que fechei os olhos antes dela. e acordei,

e lamentávelmente ela havia parado de querer me amar, de querer meu corpo.

Tinha outras preocupações, tantas outras prioridades, tantos outros desejos.

Com sorriso, deixava de se entregar e mesmo assim se sentia feliz.

Seus objetivos de vida já não eram os mesmos, seu corpo já não pedia o meu.

Creio que a idade, ou o tempo, a vida foi desfazendo os desejos dela.

As nossas brigas, as festas, as amigas, os eventos, as preocupações fizeram
isso.

Mas eu, eu continuo a deseja-la tanto, eu continuo a querer se corpo, seu
amor e suas carícias, embora que inutilmente.

O que antes era só um outro desejo natural entre nós, hoje se tornou apenas
lembranças, um filme já visto.

O que foi verbo se fez carne, como eu um dia senti, só restou somente a
saudade.

A palavra sexo e amor seguida de um ponto final é para poucas pessoas e para
poucos momentos.

Para poucos porque é muito. Um dia quem sabe você vai entender... um dia quem
sabe.